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Crise infindável



Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim?”.

Por duas vezes o rei Davi faz essa pergunta no Salmo 42. Fico surpreso de como é antiga essa pergunta e, ao mesmo tempo, tão atual. O existencialismo é uma filosofia que tenta resolver essa adversidade. Todas as tentativas humanas para resolver a crise da alma terminam em fracasso, e mais, torna pior a dificuldade. Davi tem a resposta, mas os homens não a desejam, pois, pecadores como somos, preferimos satisfazer o nosso orgulho e ostentarmos a nossa independência de Deus. Davi respondeu à sua alma: “Ponha a sua esperança em Deus”. Nos meados do século XIX, um dinamarquês, filho de pastor luterano, chegou à conclusão de que o que falta ao homem é uma experiência existencial. Sugere que todos saiam em busca dessa experiência, fazendo uso da liberdade para solucionarem a angústia que habita na alma humana, desde o seu nascimento. Ele chamou isso de “um salto no escuro”. A única coisa que os homens entenderam do que ele falou é que existe um desespero que precisa ser solucionado. Lutero foi um dos que colocou para fora tal angustia. Ao ouvirmos frases como: “Todos têm o direito de ser feliz”, “todo homem é livre para escolher o que quer ser”, “o importante é ter uma experiência”, você está falando como um existencialista. O dinamarquês, pai desse princípio filosófico, teve muitos seguidores e, cada um deles, reinterpretou sua filosofia. Como o cérebro, as emoções e os nossos sentimentos também precisam do corpo para vivenciarem uma experiência. Partamos de um princípio irreversível: todo homem nasce livre, mas jamais estará livre das consequências das suas escolhas. As consequências do existencialismo atingiram todas as esferas da sociedade.
Nos primeiros anos do século XX os evangélicos foram afetados pelo existencialismo. Os costumes, a moral, a ética, as artes, a cultura, a música, a literatura, a doutrina, tudo ficou a serviço do existencialismo. Como nos interessa mais a influência nos evangélicos ou protestantes, vamos abordá-la. Registrou-se uma busca de “experiência com Deus” através das emoções. Isso trouxe mudança na doutrina, na forma de culto e na conduta do cristão denominado evangélico. Ficou difícil a comunhão entre os membros do corpo de Cristo, pois cada um é livre para escolher a sua verdade (como se isso fosse possível). A verdade deixou de ser absoluta para ser flexível. Doutrina, moral, conduta, forma de culto, tudo é flexível. Diríamos; tudo hoje é meia verdade, não verdade. Se contrário a verdade é a não verdade, e a não verdade é mentira, vivemos um mundo onde predomina a mentira (os políticos brasileiros são a maior prova do que estamos arrazoando). A televisão, o cinema, tudo ficou a serviço das emoções; e como bebida, droga, sexo, música, e tudo mais, provoca emoções (a experiência emocional sempre precisa ser maior do que a emoção anterior), acabou-se o limite racional ou preservador do bom senso, e isso é o que vemos nos cultos chamados evangélicos, normalmente os que são apresentados na TV.
Agora, uma pergunta e uma resposta: você já encontrou alguém que consiga descrever sua experiência existencial? A resposta da crise existencial foi dada e explicada por Davi: “Ponha a sua esperança em Deus. Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus”. O que o mundo espera é ver isso em nós, de tal modo, que nem seja preciso explicar.


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